
prefácio: A Bia não costuma dar nomes aos seus personagens, então pode parecer um pouco estranho os nomes de Malu e Roberto aparecerem repentinamente...mas é apenas mais um charme para a história.
Tarde no café
por Bia.
Era quase 15 horas quando ela saiu do seu cursinho de inglês, foi andando pela rua com passos lentos e o pensamento longe, quando virou a esquina deu de cara com seu amigo. Bem, na verdade não eram exatamente amigos, conversavam quando se encontravam por acaso e duas ou três vezes se falaram pelo telefone rapidamente, mas as conversas eram como se fossem de amigos íntimos.
Então ele a convidou para tomar um café, foram até um lugar charmoso que ficava ali perto. Sentaram-se em uma mesa perto de uma das janelas grandes. Conversaram sobre música, sobre cursos, sobre a família e amigos comuns até chegar no assunto que ambos adoram: relacionamentos.
Ela sempre o achou elegante e bonito e ele a tratava super bem, elogiava sua beleza e a fazia se sentir a garota mais linda do mundo. Mas nunca conseguiram sentir nada um pelo outro além de uma amizade pura e ingênua.
Tarde no Café – Parte 2
por Rafael Pesce
De volta para casa, ela sentou-se em sua poltrona de estimação, daquelas reclináveis, com o estofamento todo em couro. Ligou a televisão, mas os filmes da sessão da tarde já não a emocionavam da mesma maneira que faziam há dez anos atrás. Na verdade, ela não conseguia parar de pensar no encontro que tivera no café, e aquela outrora amizade, pura e ingênua, parecia aflorar em um sentimento novo e sincero.
A noite chegara, e com ela, o sentimento de solidão que a assolava rotineiramente durante os últimos meses, período em que tentava esquecer as cachorrices aprontadas pelo ex-namorado, o qual ela havia conquistado com uma declaração apaixonada no meio de um baile de Jazz. O lado "A" do empoeirado vinil de Chet Baker estava perto do fim, e enquanto “My Funny Valentine” ia para o seu derradeiro final, a caderneta de telefones que estava no casaco da menina cai acidentalmente. Por ironia do destino, ou simplesmente por uma oportunidade do momento, o caderninho se abre na página sete, aquela que contém o número dele, Roberto.
- Alô!
- Alô, sabe quem está falando?
- Hum...é você Malu?
- Sim, sou eu...eu estava pensando...a nossa tarde no café foi tão adorável e o nosso papo fluiu tão bem.
- É verdade, nem vi o tempo passar.
- Eu estava pensando se você, por um acaso, se não estiveres ocupado, gostaria de vir no meu apartamento, estou com aquela caixa de dvds do Antonioni, achei que seria interessante dividir este momento com alguém...
- Claro, estarei aí o mais breve possível.
Com a tensão de uma garota colegial que se preparava para o primeiro encontro, Malu tratou de disfarçar a bagunça e a falta de organização de seu apartamento com alguns incensos indianos, comprados no dia anterior. Enquanto Dinah Washington cantava as notas finais de “Cry Me A River”, a campainha do interfone toca, exatos 45 minutos depois da ligação para Roberto. Ela estava preocupada, seu vestido estava um pouco amarrotado, e o apartamento estava apenas aparentemente arrumado. Uma troca de olhares, um beijo no rosto e um singelo abraço. Um minuto depois, estavam os dois sentados no sofá da sala.
Na trilha de Herbie Hancock, começa Blow Up, o longa escolhido para iniciar a sessão de filmes. Porém, não conseguiram se concentrar muito na trama, já que no primeiro princípio de conversa, Antonioni foi colocado para escanteio. Roberto falou de uma nova banda que havia escutado, uma tal de Camera Obscura, e ela retrucou dizendo que já os conhecia, mas que preferia os originais, o Belle & Sebastian. Mas não demorou muito e o assunto relacionamentos foi posto na roda novamente. Malu contou sobre o incidente com o ex-namorado, e a ex-amiga que havia ficado com ele. Roberto contou sobre sua última namorada, e como os dois estavam tentando ser amigos, mesmo após a separação “pacífica” entre eles. Enquanto os créditos do filme desciam na tela, os olhares dos dois se encontraram, e não apenas o olhar. Os lábios que outrora não paravam de falar, beijaram-se.
No outro dia, de manhã bem cedinho, os dois acordaram. Estavam na mesma cama, com as mesmas roupas da noite anterior. Eles sabiam o que tinha acontecido, e havia a consciência de que momentos perfeitos como aquele só acontecem uma vez na vida, por isso, com o intuito de não estragarem a beleza do momento vivido, decidiram continuar suas vidas de encontros casuais em cafés a tarde.
11 comentários:
Nossa Rafa, nao sabia que eu tinha um amigo escritor!!!
Adorei o conto e estou esperando os outros.
Grande beijo pra voce!!!
Pois é!!! Acho que estão todos meio "assustados" com essa outra boa nova(além do fotolog)... Curti o conto... Acompanharei sempre aqui!!! Gde abraço!!!
Ficou ótimo o final e olha que continuar uma história de outra pessoa nao é fácil. Quem sabe esse seja o começo para uma parceiria. :)
Adorei,muito bom!
Certamente acompanharei os próximos aqui..e a foto tb é mto linda..:D
bjo querido
muito bons os contos, tanto o seu quanto o da sílvia. quero ler mais! dá uma olhada no meu bog, tb tenho escrito algumas coisas. beijos.
sweet, comic valentine ..you make me smile with my heart...
Adorei o blog...
Bjinnnnnnnn
;)
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eu já tinha lido sua continuação para o texto da bia! ficou muito legal!
valeu pela sua visita =)
beijos
legal que gostastes dos textos. tb gostei do seu conto, escreva mais! estou fazendo uma oficina de criação literária e tenho me divertido escrevendo sobre o guilherme! beijos.
Ficou muito legal, mesmo!
;)
Espero que eu me motive tb!
Beijos
bacana. bacana.
contos são sempre contos, não?... rs
ranghetti:
sempre leio este blog
um dos melhores!
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